Genealogias da Zona do Carmo

TITULO XXXI

CAMARGOS

(Continuando Silva Leme na zona do Carmo)

O capitão FERNANDO DE CAMARGO ORTIZ e sua mulher JOANA LOPES (S. L. I—178-418) procrearam treze filhos, três dos quais se transferiram para São Sebastião e São Caetano, no coração da zona do Carmo, na qual ainda se encontram numerosos, descendentes seus. Foram eles:

F 1) Catarina de Camargo Cap. I

F 2) Capitão Gonçalo Lnpes de Camargo Cap. II

F 3) Capitão joão Lopes de Camargo Cap. Ill

 

Cap l

 

F l Catarina de Camargo c. c o capitão José Gonçalves de Carvalho, nat. da cidade de São Paulo, filho de Domingos Gonçalves e de Isabel da Costa. Faleceu José Gonçalves em sua fazenda do Rio do Peixe, em São Sebastião , sobrevivendo-lhe a viuva por alguns anos. Filhos :

N 1) Isabel da Costa Camargo, nat. da Cotia, c. c. João de Brito Leite, de Parnaiba, São Paulo. Filhos:

Bn l) Joana de Almeida, nat. do Rio de Pedras, com. de Vila Rica. c. c. Jerónimo Ribeiro da Costa, n. em Sta. Cristina de Serzedelo, arceb. de Braga.

Bn 2) Antonia de Brito Camargo c. c. José Martins de Sousa, moradores na Cachoeira do Brumado, filial do Sumidouro.

Bn 3) Maria de Brito Camargo, nat. do Rio de Pedras, bat. a 14-VII1-1720; c. no Sumidouro c. Teodósio Fernandes Arcos, nat. de S. Miguel de Arcos, com. e arceb. De Braga, onde foi bat. a 3-V1-1715, filho de Custódio Manuel e de Páscoa Fernandes. Filhos:

Tn l) Maria Pulqueria das Noves e. Em 1789 c.Constantino Lourenço Dias. Cg.

Tn 2) Joana Umbelina Rosa. bat. na capela de Miguel Rodrigues, Sumidouro, em 25-1-1770. Residiu no Rio Manso, Vila do Principe, em conpanhia de seu irmão, Tn 4 infra. Ai habilitou-se para casar com seu primo José Julião Dias de Camargo, Bn 17 adeante Por motivo que não logrei desvendar, o projetado casamento não se efetuou. Mais tarde, no Inficionado, para onde acompanhou o mesmo irmão sacerdote, c. c. José Ribeiro dos Santos, filho de Domingos Ribeiro do Santos e de Maria Joana de Vasconcelos, moradores nas Catas Altas.

Tn 3) Capitão José Fernandes Maurício c.em 1793 c. Genoveva Isabel Florentina, do Sumidouro.

Tn 4) Padre Manuel Fernandes da Conceição, Cf. neste, pag. 255.

Tn 5) Major Joaquim José Fernandes c. c,Mônica Pulqueria Inocência da Silvá Torres. Geração em B n 5 de Torres.

Tn 6) Quitéria Joaquina Fernandes da Conceição. Faleceu solteira, de idade avançada, na sua fazenda do Gualacho, freguesia do Furquim. Foi seu herdeiro o barão do Pontal, não sem os protestos dos sobrinhos, os Torres do Juracatia.

N 2) Joan a da Costa Camargo c. c. Diogo de Sousa Falcão.

N 3) Ana Gonçalves de Camargo, n. em São Sebastião ,c. Felipe dos Santos Ferreira, nat. da Cotia, filho de Gaspar dos Reis e de Maria dos Santos, naturais de Carcavelos, termo de Cascais, patriarcado de Lisboa. Filhos:

Bn 4) Dr. Antonio dos Santos Ferreira que advogou em Mariana.

Bn 5) Maria dos Santos Ferreira c. lº c. Antonio Francisco da Silva e 2º c. Manuel João Soares.

Filha do 1º:

Tn 7) Ana Francisca da Silva c. em 1750 c. Jose Antonio Corrêa do Lago.filho de Lourenço Corrêa do Lago e de Domingas Francisca, natural de Santa Maria de Galegos.

Filhas do 2º:

Tn 8) Caetana Maria Angélica Soares c.c. o alferes Francisco José Soares.

Tn 9) Maria Tomãsia Soares c. c. Francisco da Silva do Almeida, filho de.Tomaz da Silva Pinto e de Josefa da Guerra. Cf. Gomes — Adendas —N 13. Filha:

Qn 1) Ana Francisca da Silva c.c. o alferes João Pereira da Costa.

N 4) Maria da Costa Camargo c. c. o alferes João do Monte de Medeiros. Filhos, nascidos, o primeiro na Cotia, os demais em São Caetano.

Bn 6) Cap. Sebastião do Monte da Costa Camargo, foi casado e tem grande geração em Ponte Nova. Apesar de repetidas solicitações não obtive noticias da mulher e dos filhos deste que foi o primeiro Sebastião do Monte, de Ponte Nova. A devoção deste seu antigo povoador deve Ponte Nova ter por titular de sua matriz o mártir São Sebastião.

Bn 7) Padre João do Monte de Medeiros. Noticia ao fim deste titulo.

Bn 8) Alferes Miguel Antonio do Monte, foi casado.

Bn 9) Catarina do Monte de Medeiros c. c. Antonio Coelho Barbosa filho de João Coelho Barbosa, e de Maria Diniz, naturais de Vila Nova de Carros. Filhos:

Tn 10) Maria

Tn 11) João Coelho Barbosa

Tn 12) Ana

Tn 13) Antonio Coelho Barbosa

Tn 14) José Coelho Barbosa

Tn 15) Padre Joaquim José do Monte, ordenado em sede vacante. Pires Pontes, o que foi governador do Espirito Santo, chamava tio ao Padre Monte. Certa vez, numa viagem precisamente quando ia empossar-se do governo em Vitória, deu grande volta para vir a São Caetano "beijar a mão ao tio padre Joaquim do Monte". Tio, por que?

Bn 10) Ana Corrêa de Santiago c c. Domingos Coelho Leal, nat. De Frazão, bisp do Furto. Filhos:

Tn 16) José Coelho Leal c. c. Teresa Justina de Salazar, filha do Tenente Antonio de Santiago Salazar e de Ana Maria Pereira da Silva.

Tn 17) Joana Correa Leal c. c. Francisco Luís de Carvalho, filho de José Carvalho Cesimbra, nat de São Tiago de Cesimbra, e de Ana da Conceição, do Sumidouro. Filho:

Qn 2) Furriel Francisco Ignácio de Carvalho, nat. de Santa Ana dos Ferros, filial de Guarapiranga, c. em 1805 c Inácia Joaquina da Silva, filha do cap. Manuel Joaquim de Almeida c de Ana Joaquina da Silva CL Almeidas.

Bn 11) Joana Teodora do Monte c. c. o cap. João Rodrigues Moreira, nat.de Pousos Altos, filial de Pindamonhangaba, filho do sargento-mor João Antonio Rodrigues e de Maria Gonçalves Cardido.

Bn 12) Maria Corrêa Santiago c. c. o tenente André Corrêa Lima. Filhos :

Tn 18) Ana Maria da Assunção c.c. Domingos Antunes Ferreira.

Tn 19) Vitoriano Maria da Assunção c. c. Joaquim Gomes Ferreira. Cf. adendas a Rolas, na descendência de João Maciel, 6-4 do § 2º.

N 5) Ana Maria Gonçalves de Carvalho c. c. Antonio Coelho Duarte. Faleceu Ana Maria, sem sucessão. sua fazenda do Brumado, freguesia do Sumidouro, a 20-VII-1786. Foi seu testamenteiro e herdeiro o sobrinho, dr. Antonio dos Santos Ferreira Bn 4 retro.

 

Cap.II

 

F 2) Capitão Gonçalo Lopes de Camargo. Faleceu em São e está sepultado na matriz daquela paróquia e junho de 1759. Foi c. c. Maria Rosa de Jesus seu testamento, da qual teve os filhos;

N 6) Ina cio Cardoso de Camargo. Foi o testamenteiro seu pai.

N 7) Cardoso

N 8) Vitória Cardoso

N 9) Quiteria Cardoso c. c. N 14 do Cap. III.

N 10)Gonçalo Lopes de Camargo c. c. Maria Leite Ribeiro. Filha:

Bn 13) Maria Leite de Camargo c. c. Caetano da Cunha Viana, filho de Jerónimo de Araujo Viana c de Maria da Cunha, naturais do Couto de Cambezes.

 

Cap. III

 

F 3) João Lopes de Camargo, morador na sua fazenda d o Ribeirão do Gama em São Sebastião. Faleceu a..., 2-VII-1743 e foi sepultado na matriz de sua freguesia, De sua mulher isabel Cardoso de Almeida teve os filhos seguintes, que inscrevo na ordem em que ele os nomeou por duas por em seu testamento.

N 11) Padre Doutor João Lopes de Camargo, nascido em São Paulo, compatriotado na diocese de Mariana, onde se ordenou a 3 de junho de 1749 (*), já formado em cânones. Fora batizado na matriz da vila de São Paulo em 29-V1-1713.

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(*) Em Árchidiocese de Mariana, vol. I, pag. 169, esta. errado o seu nome esta José em vez de João.

N 12) Inácio Lopes de Camargo, bat. na ermida da fazenda do Gama em outubro de 1717. Esteve com N 1 na universidade; mas, segundo S. L., fez-se religioso.

N 13) José Cardoso de Camargo.

N 14) Francisco Xavier Cardoso, não Paulo Xavier, como esta em Silva Leme. C. em 1772 c. Quitaria de Camargo, sua prima N 9 do cap. II. Era idoso e estava cego. Na exposição de causas para obtenção da dispensa do impedimento de consanguinidade alegaram os oradores os brios tradicionais da família em assuntos de casamentos e embraram que uma tia de ambos, por nome Catarina Ferreira, nos Goiases, numa ausência do marido, enforcara duas filhas por suspeitar de uns inocentes e honestos amores dessas inditosas meninas.

N 15) Maria Cardoso de Camargo c. c. Antonio Teixeira. Filhos:

Bn 14) Padre Antonio Teixeira de Camargo ordenado em Mariana a 28-XII-1759.

Bn 15) João Teixeira de Camargo c. c. Ana Maria Ferreira.

Bn 16) Florencia Cardoso de Camargo c. c. Gabriel da Silva Pereira. Filhos.

Tn 20) Ana Maria de Jesus, n. em Cachoeira do Campo, c. c. Antonio de Sousa Fernandes.

Tn 21) Inácio da Silva Camargo, c. em 1769 c. Ana Soares filha de José Soares e de Cardoso. O orador era terneto de Salvador Cardoso de Almeida bisavò da oradora.Esta era n.de Ana Maria da Silveira e de Baltazar da Veiga Bueno Silva Leme não inscreveu Eugenia. Cf S.L III 330 (*).

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(*) Reza assim certo periodo da petição dos oradores para conseguirem a dispensa do impedimento de consanguinidade : "Os oradores sao pobres e filhos de pays pobres e estes pessoas de bem, e Paulistas, e não sendo dispensados, os oradores tem evidente perigo de vida pela condição dos ditos seus parentes, como he bem notório entre Paullistas, e pessoas de bem".

N 16) Ana Maria c. c. Tomaz Terezinha

N 17) Maria de Jesus

N 18) Teresa dos Santos

N 19) Isabel Cardoso de Câmara c.c.o guarda-mor José Francisco Dias Moradores no Rio Manso,filial da Vila do Príncipe Filho:

Bn 17) José Juliao Dias Camargo Cf. Tn 2 retro.

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Na Gazeta de Ponte Nova, de 6 de olho de 1941. publiquei o seguinte :

PADRE JOÃO DO MONTE DE MEDEIROS

FUNDADOR DE PONTE NOVA

Descende o fundador de Ponte Nova de quatro das mais nobres famílias de São Paulo, a dos Carvoeiros e a dos Gamargos, a dos Lemes e a dos Prados. Nesta vastíssima parentela, que é a sua, encontram-se os nomes mais ilustres, mais sedutores e da mais viva projeçao em todo o pais nestes últimos trezentos anos. Os nono-avós de Sua Eminência o Senhor Cardial Arcebispo do Rio de Janeiro foram os pentavós do padre Monte; os seus bisavós foram os quinto-avós de Dom José de Camargo Barros, o pranteado bispo de São Paulo que pereceu tragicamente no naufrágio do Sirius. Na mesma arvore genealógica.aparecem Eduardo Prado, Campos Sales, Dom Mamede, o padre Madureira, etc. ctc. Mais remotamente, o Caçador de esmeraldas, todos os velhos e austeros Lemes e Pontes, destacando-se, dentre os últimos aquele venerando Padre Belchior de Pontes, tão indignamente desfigurado numa novela infame, que tem por titulo o nome respeitável do piedoso jesuíta.

Consulte-se a Genealogia Paulistana, de Silva Leme, cujo trabalho, na parte que interessa ao padre Monte, continuarei com estes singelos apontamentos, e ver-se-á confirmada minha asserção.

Oxalá a modesta contribuição, que venho trazer" para a biografia do benemérito sacerdote, logre levantar do esquecimento o bom mineiro que lançou os fundamentos de uma das mais importantes cidades de Minas, na qual, entretanto, não ha ainda uma rua, siquer, que o aponte com uma placa, ao reconhecimento de seus habitantes. Eis ai um esquecimento que contrista e que mais punge, quando se considera que, na população da cidade, conta o padre João do Monte, alem dos descendentes de Sebastião do Monte, seu irmão, um numero considerável de consanguíneos por via mais distante. Para não mencionar senão um,lembrarei que o meu jovem amigo e meu ex-aluno nu Dom Helvécio, o dr. Gerson Monteiro Barbosa, e, embora não o suspeite,primo pela linha materna do fundador de sua terra natal.

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A família dos Carvoeiros principiou em Domingos Luís , por alcunha o Carvoeiro, nascido em Santa Maria do Carvoeiro (a velhíssima Carbono dos romanos), comarca de Viana do Castelo,filho de Lourenço Luís e de Leonor Domingues. Km São Paulo para onde se transferiu com seus pais, gosou sempre da mais elevada consideração. Foi cavaleiro professo da ordem deChristo. Fundou a capela de Nossa Senhora da Lux no sitio de Piranga (Ipiranga), mais tarde transferida para o lugar onde se levantou o recolhimento da Luz, nas proximidades da atual estação da São Paulo Railway. Faleceu em 1615. Fora, casado em primeiras núpcias com Ana Camacho, filha de Jeronimo Dias Cortes e de N. Camacho, por esta, neta de Bartolomeu Camacho e de Catarina Ramalho por esta bisneta, do lendário João Ramalho e de Isabel Dias terneta do cacique Tibiriçá de quem era filha esta Isabel Dias. O segundo casamento de Domingos Luís não interessa á genealogia do Padre Monte.

Entre os filhos do primeiro matrimonio do Carvoeiro, contava-se:

Leonor Domingues, que se casou com Jusepe de Camargo filho de Francisco de Camargo e de Gabriela Ortiz, naturais de Castela. Teve, entre outros, o filho :

Capitão Fernão de Camargos, por alcunha o Tigre. Este exerceu em São Paulo o cargo de juiz ordinário (1653). Foi casado com Mariana do Prado, filha de João de Santa Maria e de Felipa do Prado. Com seu irmão, José Ortiz, chefiou o partido dos Camargos na conhecida guerra contra os Pires.

Teve do seu casamento quatorze filhos entre os quais:

Capitão Fernando de Câmara Ortiz. Foi militar e serviu sob as ordens do capitão-mor Domingos Barbosa Calheiros, na expedição contra o bárbaro gentio dos sertões da Bahia, em 1685. Casou com Joana Lopes filha de Gonçalo Lopes e de Catarina da Silva.

Entre os treze filhos do capitão, interessa à arvore genealógica do fundador de Ponte Nova a filha:

CATARINA DE CAMARGO

Silva Leme, quando inscreve Catarina de Camargo, diz: Catarina de Camargo foi casada com José Gonçalves. Não descobrimos geração (*)".

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(*) Genealogia Paulistana, vol. 1°, pag. 195.

Essa geração venho eu dá-la nestes ligeiros apontamentos, e posso faze-lo graças aos autos da habilitação para ordens do Padre João do Monte de Medeiros, de cuja sentença de genere .consta ser ele nascido em São Caetano , do termo da vila do Ribeirâo do Carmo, onde foi batizado, "onzesemanas" depois de nascido a 8 de agosto de 1730; ser filho legitimo do alferes João do Monte de Medeiros e de sua mulher Maria da Costa Camargo, neto paterno de Manuel de Medeiros e de Ana Corrêa de Santiago, naturais de São Pedro, da ilha de São Miguel, bispado Angra; neto materno do Capitão José Gonçalves e de Catarina de Camargo, naturais da freguesia da Sé de São Paulo.

Maria da Costa Camargo e seu marido residiram na freguesa de Nossa Senhora do Monte Serrate da Cotia, São Paulo,onde lhes nasceu o primogénito Sebastião do Monte de Medeiros da Costa Camargo, como se chamava quando se habilitou g enere no juizo eclesiástico de Mariana. Os outros filhos do casal como o padre João do Monte, nasceram em São Caetano de Mariana.

Estes filhos, os que pude descobrir, foram:

Sebastião do Monte de Medeiros

Padre João do Monte de Medeiros

Miguel Antonio do Monte

Catarina do Monte Medeiros

 

A ultima foi casada com Antonio Coelho Barbosa e teve os filhos:

João Coelho Barbosa

Antonio Coelho Barbosa

José Coelho Barbosa

Padre Joaquim José do Monte.

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O padre João do Monte, em 2 de setembro de 1763, quando Bispo diocesano, prostrado pela grave enfermidade, de que veio a falecer (3-1-1764), já não podia exercer funções episcopais, obteve reverendas para se ir ordenar a São Paulo. E com efeito recebeu ali todas as ordens das mãos de dom frei Antonio da Madre de Deus. Na ordenação de presbítero, a 28 de outubro de 1763, foi seu companheiro o padre Antonio Rodrigues Dantas, natural de Prados, primo do Tiradentes, e autor daquela célebre Sintaxe Latina que foi o pesadelo de tantas gerações de estudantes. Quem desses tempos não se lembrará das assustadoras e inutilissimas figuras do Dantas

Pouco depois de ordenado, o padre João do Monte ousou discutir com o cabido diocesano. O cabido, tão cioso sempre (o cabido daqueles remotos anos) de suas atribuições, particularmente quando governo, como sucedia nessa ocasião, mandou-o recolher-se, por um ano, ao seminário com ordem de não por pe fora de casa sob pena de suspensão ipiso facto. Não apurei se o fundador de Ponte Nova cumpriu ate final uma sentença tão severa. Sei que suas respostas eram cheias de dignidade e de respeito; mas francas, arguindo personalidade feita e carater de boa têmpera.

O patrimônio canônico para a recepção de suas ordens foi constituído em duas sesmarias, que lhes doaram os parentes na extremidade sul da freguesia do Senhor Bom Jesus do Monte do Furquim, ás margens do "Baguassú" (Vauassú), afluente do "Guarapiranga abaixo".

Nestas terras, na paragem chamada Ponte Nova, fundou o padre Monte uma capela e dedicou-a a São Sebastião e Almas; São Sebastião em homenagem, provavelmente, ao seu irmão, aquele a quem devia em grande parte o seu patrimonio, Sebastião do Monte.

Satisfazendo às prescrições do direito eclesiástico constituiu patrimonio a essa capela o o fez em terras que apartou de suas próprias terras, Fê-lo por escritura pública lavrada num dos cartórios de Mariana.

Era a 15 de dezembro de 1770.

Estava plantada a futura cidade de Ponte Nova.

E a cidade brotou e cresceu o se desdobrou e se fez a grande cidade, que ora se agita na febre, no torvelino do comercio e da industria.

Talvez por isto, aos olhos de sua gente, que vai e vem na pressa da vida moderna, passe hoje sem acordar uma lembrança o dia 15 de dezembro!

Será de certo por isto que, aos ouvidos de seu povo, sôe agora, como nome estranho, o nome venerável do benemérito — Padre João do Monte de Medeiros!

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Documento

O Doctor André Baruel, sindico das esmolas dos Santos Lugares de Jerusalém, Juíz dos reziduos e cazamtos Vigro. Da Vara eccieziástica da,Cidade de São Paulo, e das Villas de sua repartição pelo Ulmo Sr. Dom Franco de São Hieronimo Bispo do Rio de Janeiro do concelho de sua Magde. q. ds. gê. &. Aos que a preze nossa Certidão de banhos em forma virem Saúde e paz pera sempre em Jezu Christo nosso Senhor que de todos e verdadeiro remédio e salvação. Fazemos Saber que a nós aos foi apresentada hua Certidão de banhos ante nós reconhecida do Rdo. Paroco da froguezia de Nossa Senhora do Monçarrathe de Acuthia, destrito desta Cidade de São Paulo, na qual aos certificava que pendo dados os banhos pêra aver de cazar o Alferes João do Monte de Medeiros filho de Mel de Medeiros já defunto e de sua molher Anna Corrêa de Santiago natural da Ilha de São Miguel freguesia de São Pedro com Maria da Costa filha de Joseph Gonçalves de Carvalho, e de sua molher Catherina de Camargo todos noradores na da freguezia de Nossa Senhora do Monçarrathe de Acutia, e que sendo assim dados os banhos pera nelles ver se havia algum empedimento lhes não rezultou empedimento algo por onde deixem de contrahir o matrimonio que pertendem; Certificamos assim a quem o conhecimento desta pertencer, e pera que a esta se lhe de inteira fé e credito nella interpomos nossa, autoridade dellegada, e decreto judicial. Dada nesta Cidade de São Paulo sub nosso Cinal e sello de que uzamos aos dous dias do mês de Abril de mil e sete centos e dezaceis annos. o Pé. João Gonçalves escrivão do juízo eccleziastico o escrevi.=Andre Barueli.

L. + S.

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