Genealogias da Zona do Carmo

 

TITULO LI

DOM FREI MANUEL DA CRUZ

(Primeiro Bispo de Mariana)

— Manuel Nogueira e sua mulher D. Maria Duarte da Cruz n aturais da freguesia de Santa Eulalia da Ordem, "do Isento da Sagrada Ordem Militar de Sao João do Hospital de Jerusalém»,distrito da cidade do Porto, foram os ditosos pais de

 

DOM FREI MANUEL DA CRUZ

 

Nasceu o ilustre bispo na Casa do Real, sita na mencionada freguesia de Ordem, batizado a 5 de fevereiro de 1690. Tomou o hábito dos Monges de São Bernardo, no Real Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, a 30 de março de 1708. Graduou-se na universidade de Coimbra com aplausos dos mestres e credito da Ordem», Em 1732 foi, eleito dom abade do colégio do Espirito Santo de Coimbra; em 1738, definidor e mestre de noviços de Alcobaça. Dom João V tendo certeza de sua modestia e ciência. Momeou-o bispo do Maranhão em 1738. Fez sua entrada solene naquele bispado a 15 de junho de 1739. Governou-o por tempo de oito anos um mês e dezesete dias, «praticando todas as oções de pai e de pastor e gastando dezoito meses sucessivos nas visitas pastorais».

"O mesmo monarca, por decreto de 25 de abril de 1745, creou cidade episcopal, com o nome de Mariana, a Vila do Carmo nas Minas-gerais. nomeando-o para seu primeiro bispo, e Benedito quatorze lhe expediu as bulas a quinze de dezembro do mesmo ano.»

«Partindo do Maranhão a 3 de agosto de 1747, com uma viagem de trabalhos e perigos para a qual lhe deu o Senhor Dom João quinto uma liberal ajuda de custo, chegou a Mariana em 15 de outubro de 1740, fazendo entrada publica em 28 de novembro, com grande aplauso das suas ovelhas.

"Sua Majestade lhe fés a.merce de poder nomear todas as Dignidades e Cadeiras da nova sé, exceto o Deado, para as quais nomeou sujeitas de letras e merecimentos, sendo igual a eleição.

 

DOM FREI MANOEL DA CRUZ

1º. BISPO DE MARIANA

 

 

 

 

SEMINÁRIO DE MARIANA

 

 

 

 

 

 

 

 

dos ministros para o expediente dos, negócios dos pertendentes

e litigantes do mesmo ,bíspado.

 

"O arranjamento e divisão das muitas e novas freguezias com o mais respectivo à boa ordem do novo bispado, a educação das suas O Velhas e o conservá-las no temor de Deus e exercidos de religião, lhe custaram trabalhos imensos e repetidas visitas, em que frequentemente administrou os sacramentos, principalmente o da confirmação, sendo-lhe perciso interpor recursos ao trono e aos tribunais, pela resistência que achou em domar os poderosos e inquietos, que não queriam sujeitar-se a viver cristãmente e as ordens do seu prelado.

«Sentindo deixar só acabado na cidade de São Luiz do Maranhão um recolhimento e imperfeito, um seminário, foi o seu primário objeto fundar outro em Mariana com a-extensão e majestade no edifício, grande templo, cem cubículos, aulas, casas dos mestres de latim retórica, filosofia, moral e teologia; ele teve o gosto de o ver completo e asssado, e com fumio de quarenta mil cruzados em dinheiro e propriedades : deixou-lhe os seus livros, prata ornamentos e seis mil cruzados nas suas disposições testamentarias, em que foram contempladas com três mil cruzados a suntuosa igreja de São Pedro que fundou em Mariana; com sete mil cruzados e obrigação de uma Missa diária a irmandade dos Passos do Mosteiro do Desterro de Lisboa; e com avultadas esmolas as viuvas pobres.

«Governando uma e outra diocese com espirito apostólico e cumprimento exato do sou ministério episcopal, fatigado com os trabalhos acabou e carreira da vida em 3 de janeiro del764.Jaz na capela mor da sé de Mariana, onde faleceu. O epitáfio diz:

Hic iacet Dminic Domnus Frater Emnmanuel a Cruce Regiogiosos Cisterciensis,Sacra Theologia Doctor, Episcopus Mararaniensis; inde primus hujus dioceses Mariannensis Episcopus Annos Quindecim, menses duos, dies sepiemdecim; vixit septuaginta quatuor;pie obiit die tertio jan uarii anno millesimo septingentesimo sexagesimo quarto (*).D

D om Fr. Manuel da Cruz era neto por varonia de Manuel

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(*) Manuel de Figueiredo – Manuscrito pertencente á Livaria do Mos-

teiro São Bernardo da vila de Alcobaça.". Este Figueiredo era cronista dos cistercienses de Portugal O trecho cit. no texto foi foi ext. De documentos que me confiou o exmo. Sr. João de Faria Soares de Almeida Queiroz residente em Ordem, conselhode Lousada, termo de Aguiar de Souza sobrinho pentaneto de D. Fr. Manuel da Cruz – C.

 

Nogueira e de D. Maria Gaspar naturais do lugar de Mós, freguesia de São Miguel de Silvares, concelho de Lousada; e por via feminina de Domingos Ferreira, natural de Ferreiros, termo de Braga, e de D. Maria Freire (dos Freires de Andrade), nascida na freguesia de Santa Eulalia da Ordem, já mencionada.

O nome de Dom Fr. Manuel, antes de sua profissão religiosa, era Manuel Ferreira Freire da Cruz.

•  Seus irmãos —

CASA DO REAL

 

1-1 Dona Maria Duarte da Cruz Queirós c. c. Manuel Ribeiro da Costa.

Filhos :

2-1 Capitão mor SeraÍim Freire da Costa c. c. D. Inés Maria de Jesus e

Queirós, todos naturais da freguesia ja diversas vezes mencionada, de

Santa Eulalia da Ordem, Filho:

3-1 Capitão mor José Freire Vieira Teixeira de Queirós, professo na ordem

de Christo, capitão-mor de Leça, fidalgo da casa imperial e real por

decreto de 2 de janeiro de 1826. Foi casado e teve estes filhos:

4-1 Heliodoro Vieira Teixeira de Queirós, faleceu solteiro. Era senhor da

Casa do Real.

4- 2 Prior Aquilino Vieira Teixeira de Queirós, eclesiástico que passou à

sua irmã (4-3) a administração da Casa do Real.

4-3 Dona Constança Deltina da Cruz Queirós c. c. João de Faria Soares

de Almeida, senhores da referida casa do Real. Filhos:

5-1 Luís Pinto de Faria Almeida Queirós.

5-2 Rodrigo de Faria Almeida Queirós

5-3 Padre Joaquim de Faria Almeida Queirós.

5-4 D.Inês de Faria Almeida

 

 

 

 

 

CASA DO REAL

AI NASCEU DOM MANUEL DA CRUZ

 

 

 

 

 

 

 

 

Entrada da Casa do Real

Veem-se o Sr. João de Faria Soares Almeida Queiroz,

sua senhora, D. Maria Ribeiro de Faria, e sua Sobrinha,

Maria de Guadalupe de Faria Meireles ( 6 –11 e 7-1)

( de 6-5) de ( Dom Manuel da Cruz )

 

Queirós c. c Carlos da Silva Teles.

5—5 Martinho de Faria Andrade Queirós Gavião c. c. D. Emilia

Augusta Ribeiro de Faria. Filhos:

6—1 D. Mariana de Faria Queirós.

6—2 D. Maria Constança de Faria Almeida Queirós.

6-3 D. Ines Maria de Faria Queirós.

6—4 D. Maria Antonia de Faria Andrade Gavião.

6—5 D. Maria do Carmo de Faria Queirós c. c. Bray. de Sousa

Meireles. Filha:

7—l D. Maria de Guadalupe de Faria Meireles,

6—6 D. Luisa de Faria Almeida Queirós.

6—7 Rodrigo de Faria Soares de Almeida Queirós, falecido em

1939 no Real.

6—8 Carlos de Faria Almeida Queirós, falecido no Rio de Janeiro (1939),

sócio da A. Casa Nossa Senhora do Carmo.

6—9 Joaquim de Faria Soares de Almeida Queirós c. c. D. Maria

Guilhermina Rodrigues de Faria.

Filha:

6—10 Luís Pinto de Faria. reside no Rio de Janeiro.

6—11 João de Faria Soares de Almeida Queirós c. c. D. Maria Ribeiro de

Faria.Filhos:

7—1 Manuel Pinto de Faria Soares de Almeida.

7—2 Maria do Carmo de Faria Castelo Branco.

6—12 José de Faria Almeida Queirós, atual proprietário da Casa do Real.

Reside no Rio de Janeiro. Foi c. 1º c. D. Maria de Lourdes Lopes de

Faria, e 2º c. D, Adelaide Teles de Faria. Filhos do lº matr.

7-l Hildo de Faria Almeida Queirós.

7—2 Cremilda de Faria Almeida Queirós.

7—3—Solange de Faria Almeida Queirós. Todos residentes no Rio de

Janeiro, onde 6-12 ocupa lugar de destaque no comércio,

 

Casa da Ribeira

 

1-2 Dona Clara Freire da Cruz, secunda irmã de Dom Frei Manuel da Cruz.

c. em 1713 c. António Pinto Ribeiro, senhor da Casa da Ribeira, em

Santo André de Cristelo, com. de Lousada. Filhos:

 

2-l D. Mariana Luisa Pinto Ribeiro Freire, senhora da Caso da Ribeira,

c. a 5-VII-1757 c, Dom Manuel Henrique Pinto do Vale-Peixoto e Vilas

Boas, senhor das Casas do Porto de Santa Margarida, Bairro e

Baceiras. Filhos :

3—1 Dom Manuel de Vale-Peixoto Pinto de Sousa e Vilas Boas, cap. morde

Lousada, Moço Fidalgo, Comendador da Ordem de Christo, senhor das

Casas de seus pais, c.em 31-V11-1813 c. D. Ana Pinto de Sousa

Freire. Filhos:

4-1 Dom Manuel Pinto de Valc-Peixoto de Sousa e Vilas Boas, c. em 1848

c. D. Emília Ribeiro de Araújo Martins da Costa. Filhos:

5-1 Abílio Peixoto de Sousa Vilas Boas c. c. D. Engracia Cabral de

Noronha.

5—2 Arnaldo Peixoto de Sousa Vilas Boas c. c. D. Ana Vaz Guedes Bacelar.

5—3 Antonio Peixoto de Sousa Vilas Boas.

5-4 Adriano Peixoto de Sousa Vilas Boas.

5-5 Adolfo Peixoto de Sousa Vilas Boas.

5-6 Dona Maria das Dores Martins Peixoto Rebelo c. c. o Manuel Rebelo de

Carvalho.

5-7 Dom Alberto Martins de Vale-Peixoto de Sousa e Vilas Boas c. c. D.

Maria Emília Faria Martins Ribeiro da Costa.

Filhos:

6—l D. Maria Peixoto de Sousa Vilas Boas c. c. o dr. Porfirio da

Fonseca Magalhães.

6-2 D. Maria da Alegria Peixoto de Sousa Vilas Boas c. c. Livio de

Pinho.

6-3 Dom Manuel Mário Martins de Vale Peixoto de Sousa e Vilas Boas,

senhor da Casa da Ribeira, c. c. D. Maria Cadiz Rebelo de Carvalho.

Filho único.

7-l Dom Manuel Carlos Rebelo Martins Pinto de Vale-Peixoto Sousa e Vi-

las Boas, menor-1940

4—2 Dona Margarida de Vale-Peixoto Pinto de Sousa e Vilas Boas, Ba-

ronesa de Paçô Vieira, n. na Casa da Ribeira era 1824 e c. em

Braga em 1860 c. o Barão de Paço Vieira— -Dr. José Joaquim de

Sousa de Barreiros Coelho Vieira, Fidalgo Cavaleiro da Casa

Real, Juiz do Supremo Tribunal de Justiça, Comendador das Ordens

de Christo e da Conceição, Senhor da Casa de Paço- Vieira.

Filhos:

5—1—2. Barão de Paçô-Vieira-A.

 

5—2—1º Visconde de Guilhomil-B.

A

 

5 -1-2º Barão e 1º Conde de Paço Vieira, Dr. Alfredo Vieira de Vale-

Peixoto de Sousa e Vilas Boas. Ministro das obras-publicas no

reinado de D. Carlos I, juiz conselheiro do Supremo Tribunal de

Justiça, c. c. D. Maria Eduarda Pinto da Silva, condessa de Paço

Vieira, Filhos:

6—1 D. Maria Emilia Vieira de Sousa e Vilas Boas c. c. o capitão-

aviador Antonio Pinto de Aiala Montenegro Filhos:

7—1— D. Isabel Maria.

7—2— D. Maria Constança.

7—3— Martinho.

7—4— D. Maria Margarida.

6—2—3º Barão e 2º conde de Paçô-Vieira D. Fernando Coelho Vieira de Vilas

Boas, c. c. D. Maria da Lux de Bittencourt de Vasconcelos Corrêa e

Avila, condessa de Paço Vieira. Filhos:

7—1— José

7—2— Fernando

 

B

 

5-2-1 Visconde de Guilhomil, Dr. José Gerânio Coelho Vieira de Vale Peixoto de Sousa e Vilas Boas (Paçô-Vieira), Juiz de Direito, Deputado às Cortes, n. em 1863 c c. na Foz do Douro, em 1887, c. D. Mariana Teodora Corrêa Moreira Ribeiro Coelho Brandão, viscondessa de Guilhomil. Filhos :

6—1—2 Visconde de Guilhomil, Dr. José Rui Coelho Vieira de Vale-Peixoto e Vilas Boas, bacharel em direito pela Universidade de Coimbra, c. c. D.Maria José de Menezes Pita e Castro, viscondessa de Guilhomil. Filha:

7-1- D. Maria José de Meneses de Vale-Peixoto de Sousa e Vilas Boas c. c. o dr. Alberto Ribeiro de Meireles. Filho:

8—l—José Rui.

6—2— D. Maria Margarida Corrêa de Sousa e Vilas Boas,c. c. João de Vasconcelos Faria, engenheiro. Filho:

7-1— José Manuel

6—3— D. João Manuel Vieira de Vale Peixoto e Vilas Boas (Guilhomil), c. c. D. Albertina Pinto Guerra. Filha:

7—1— Maria Teresa

6—4— D. Maria Teresa Felipa Catarina Correa de Sousa e Vilas Boas c. c. Carlos Afonso de Albuquerque Couto dos Santos. Filha:

7—1— Maria Felipa

6-5— D. Gonçalo Manuel Coelho Vieira de Vale-Peixoto e Vilas Boas (Guilhomil) c. c. D. Margaret Neville Kendal. Filho:

7—1— Rui Gonçalo José Eduardo.

 

No Brasil (Recife)

 

1—3— Antonio Nogueira Jorge, irmão de Dom Frei Manuel da Cruz, c. em Recife—Pernambuco, c. D. Maria da Costa dali natural, filha de Manuel Nunes e de D. Luzia de Almeida. Filhos, todos nascidos em Recife:

2—1 —Padre José Nogueira, a respeito do qual se lê, a pag, 365 de Desagravos do Brasil e Glorias de Pernambuco, de Dom Domingos de Loreto Couto (edição da Bibliotheca Nacional 1904); Padre Jozé Nogueira, natural do Reciffe, filho de Antonio Nogueira Jorge e Maria da Costa, quando contava desasete annos de idade recebeo a roupeta da Companhia de Jesus no collegio da Bahia a 9 de Novembro de 1727, onde depois de aprender com suma habilidade as sciencias amenas, e severas, ensinou humanidades e rhetorica. Passando de Bispo do Maranhão para Bispo de Marianna, nas minas, seu tio D. Fr. Manoel da Cruz alcançou dos prelados fosse o sobrinho para sua companhia, para mestre de theologia moral, autualmente a esta ensinando com grande aproveitamento dos seus ouvintes e beneficio espiritual daquele Bispado, sendo mestre de primeira classe de humanidades, compoz: Iuris Consultissuno Domino lgnatio Dias Madeira, olim Indirum Quoestori integerrmo, munc Brasiliensis status Criminalium Causarum Censori absolutisimo. Epigramata- varia, Ulyssipone apud Michaelem Manescal da Costa. Typ. S. Officii. 1742. 4.»

Foi o primeiro reitor do seminário de Mariana, donde se retirou violentamente, quando expulsos de Portugal e seus domínios os Padres da Companhia de Jesus.

2—2—Padre Luís Nogueira, ordenado em Mariana, pelo seu tio, a 26 de junho, de 1756. Foi vigário de Curral dei Rei.

2—3—Frei Estanislàu de Jesus Maria. Deste apenas vi referencias nos autos de genere do seu irmão, 2-2.

 

Dom Fr. Manuel teve ainda outros sobrinhos sacerdotes, cuja filiação não pude descobrir, o padre José Freire da Costa, abade do Salvador de Vilarinho de Cambas; Frei José e Frei Bernardo, cônegos regrantes de Santa Cruz de Coimbra, todos contemporâneos do tio.

Em 28 de dezembro de 1750, D. Fr. Manuel da Cruz ordenou, em Mariana, o seu familiar Padre Antonio Freire de Meireles, filho de Antonio Freire e de Maria Nogueira; n. p. de João Freire e Catarina da Silva, e n. m. de Francisco Nogueira e de Maria de Meireles, pais e avós naturais de São Miguel de Silvares.

Tudo consta dos autos de habilitação, onde, particularmente com relação ao habilitando, se lê: "natural do lugar de Santo Adrião, nesta mesma freguesia (Silvares), donde se abzentou para o Bispado do Maranhão, por ter nessa cidade hú Thio, bispo della".

Do Maranhão, com efeito, veio ele para Mariana. em companhia de Dom Frei. Manuel da Cruz.

 

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Fontes

 

Autos de habilitação do Padre Luís Nogueira.

Idem, idem do Padre Antonio Freire de Meireles.

Diversos documentos, do arquivo da Casa do Real, que me confiou o Sr. João de Faria Soares de Almeida Queirós, residente na dita Casa do Real.

Várias informações prestadas pelo Exmo. Sr. Dom Gonçalo de Vilas Boas (Guilhomil). Devo-lhes igualmente as fotografias, que ilustram este titulo.

Muito penhorado a ambos, consigno-lhes aqui os meus agradecimentos.

Copiador de D. Fr. Manuel da Cruz, do Arquivo G. da Arquidiocese.

 

Documentos

 

"Rdos. Padres Fr. Jòseph. e Fr. Bernardo. Meos Sobs. Muito amados; o amor de Ds. assista sempre em vossas almas.-^Esperava nesta Frota com grande alvorosso cartas vossas, porq. Do meo Coll. de Coimbra me dizião q. me escrevíeis por outra via. entendo seria por hum Navio, q, ainda não chegou a esta cidade:mas como do mesmo Coll. me dão a alegre noticia de que estaes professos e contentes continuando nu vossu philosophia, fica socegado o meu cuido, e vos dou mil parabéns de terdes conseguido o maior bem, q. ha nesta vida que he a clauzura de sua Religião reformada, em q. sem embaraço nem cuido do mundo vos podeis empregar totalmte em ganhar o Ceo; recomendo-vos muito tragaes sempre na vossa lembrança o anno do vosso Noviciado, porq. he o melhor tempo q. tivestes e haveis de ter pá.

o aproveitamento de vossa alma; porq. supposto nessa Santa Reforma em todo tpo ha exercícios espirituaes, com q. se afervora o espirito, como este, quando he fraco, se afrouxa com a aplicação dos estudos e outras occupações, q. manda a obediência, he preciso especial cuido, pá. q. as ocupaçoens de Marta não entibiem os exercícios de Maria, portando-vos com tal suavidade e indiferença em todas as vossas acçoens q. nem o exercício das letras sirvão de impedimento ao das virtudes, nem os discursos do entendimento na penetração dos axiomas philosophicos esfriem os affectos da vontade no amor de Deus; escrevei, estudai, defendei,argumentai e finalmente obrai tudo com o único fim de agradar a Ds.; porq. desta sorte vos conservareis sempre na Da. prezença, merecereis em todas as vossas acçoens e conseguireis Lux, não só pá. serdes grandes sábios do mundo, mas para serdes eminentes na verdade sciencia do Ceo q. deve ser o principal objecto e único fim de todos os vossos estudos.

Eu logro boa saúde nesta terra, que não he pequeno favor de Deos, entre tantas lidas e trabalhos q. trás consigo esta penoza occupação, em q. espero me ajude o Snr. dando-me alentos pá. q. não desmaye, e vós assim lho pedi incessantente, dando-me em todas as frotas notas vossas pá. alivio de ma. saudade. Deosvos gde. como sempre com muita especialidade lhe peço. Maranhão, 29 de Agosto de 1740».

 

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